"Eu protesto!"

O mês de Junho se encerra marcado por uma das maiores manifestações populares já vivenciadas na História do Brasil. Milhares de pessoas foram às ruas para demonstrar sua indignação com a situação do país, que há algum tempo vem sofrendo com as injustiças sociais, com a corrupção, com problemas de ordem econômica, política, de saúde, segurança, educação, para não citar outros.

Estive esses dias observando as diversas correntes de pensamento, a apreensão dos governantes frente aos protestos, a força da juventude no povoamento das ruas, com a expectativa de registrar sua contribuição para a mudança ansiosamente esperada. E algumas já aconteceram: alterações nos preços das passagens do transporte público foram revistas em algumas capitais, a Proposta de Emenda Constitucional 37/2011 (a PEC 37) que restringe o poder de investigação criminal às polícias federal e civil também foi derrubada no plenário da Câmara dos Deputados nesta terça feira, 25/06/2013.

Em Romanos 12.2, Paulo também nos convida ao protesto, à indignação, a um movimento de inconformidade com o erro:

"E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus".

Somos, portanto, convidados a uma percepção crítica do contexto no qual estamos inseridos, percepção esta que nos leva à mudança.

Todavia, entendo que a mudança argumentada por Paulo deve começar em nós. "Transformai-vos!", afirma o apóstolo. Ao percebemos os erros do mundo que nos cerca, temos avaliado os nossos próprios atos frente às causas pelas quais levantamos bandeiras? Estamos lutando contra a corrupção nas filas de banco, nos estacionamentos, contra o desrespeito aos idosos, e até mesmo contra os inocentes?

Queremos melhorias para a saúde. Estamos cuidando do nosso corpo, que segundo a Bíblia é templo e morada do Espírito Santo?

"Ou não sabeis que o vosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos?" (I Co 6.19).

Desejamos mais investimentos em educação. Estamos aproveitando todas as oportunidades educacionais e de formação que se apresentam para nós?

"Tudo quanto te vier à mão para fazer, faze-o conforme as tuas forças; porque na sepultura, para onde tu vais, não há obra, nem projeto, nem conhecimento, nem sabedoria alguma" (Eclesiastes 9.10)

Não suportamos mais a violência e a falta de segurança. Temos cultivado um espírito manso e humilde, exercendo auto-controle sobre as nossas ações e emoções em momentos de raiva e indignação?

"Melhor é o homem paciente do que o guerreiro, mais vale controlar o seu espírito do que conquistar uma cidade". Provérbios 16.32.

Ao contrário do que alguém possa pensar, não estou tentando tirar o foco dos manifestos, nem tampouco minimizando sua importância frente às necessidades pelas quais os cidadãos brasileiros estão clamando.

Contudo, um sentimento de inconformidade também permeia o meu coração ao perceber a incoerência dos gestos de muitas pessoas, que precisariam seguir a recomendação bíblica, primeiramente, ao começarem a transformação em seu interior, dentro de casa, em sua escola, comunidade, igreja, para somente então, ir para as ruas e conclamar os outros, o governo, por assim dizer, a promover a mudança que almejam.

O Brasil já começa a sentir os frutos dos seus maus caminhos. A escolha errada dos governantes, a aprovação de leis que contrariam a vontade de Deus, levam de fato um povo ao sofrimento.

Mas ainda há esperança! Deus está interessado em restaurar a nossa nação. Se cada brasileiro olhar para si mesmo e perceber o quão distantes de Deus estão caminhando, talvez iniciem um caminho de volta para a felicidade e a prosperidade, prometidas em Salmos 33.12:

"Feliz é a nação cujo Deus é o Senhor!" 

O poeta João Alexandre traduziu perfeitamente o significado destas palavras na canção "Pra cima, Brasil!"

http://letras.mus.br/joao-alexandre/46505/

Deus abençoe a sua vida! Deus abençoe o Brasil!
Priscila David